quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Lipoaspiração: Mitos e Verdades

Por Dr. Fernando Pontes Andrade
A lipoaspiração é a técnica empregada para e retirada de gordura localizada de uma parte do corpo (abdome, coxas, braços, pescoço). A gordura poderá ser reinserida em outras áreas do organismo (nádegas, sulcos, depressões). Quando isso acontece a cirurgia recebe o nome de lipoescultura ou lipoplastia.A lipoaspiração foi inventada por um franco-argelino, Yves-Gerárd Illouz em junho de 1977. Devido ao descrédito inicial, somente virou rotina dez anos depois, quando o método foi aperfeiçoado. Hoje é uma das cirurgias plásticas mais realizadas no mundo e a mais realizada no Brasil. Entretanto, a popularização e banalização da lipoaspiração não trouxeram somente benefícios. O procedimento realizado indiscriminadamente, muitas vezes por médicos não cirurgiões plásticos e em consultórios, seqüelou, matou e ainda mata muitas pessoas. A lipoaspiração é uma cirurgia, na maioria das vezes de grande porte, merecendo todos os cuidados dispensados a qualquer cirurgia. Então lugar de fazer lipo é no centro cirúrgico (de hospital ou clínica especializada), com anestesista e cirurgião plástico, conforme resolução nº 1.711/03 do Conselho Federal de Medicina. O único motivo para não atender a esse princípio básico é a redução de custos em detrimento da segurança. Isso é inadmissível! Muitas pacientes argumentam que viram em matérias da TV ou em revistas que celebridades fizeram uma “mini-lipo” e que ficaram ótimas. Isso é um mito. Eu argumento que: as matérias foram compradas, as celebridades foram pagas e que “mini-lipo” simplesmente não existe; é apenas um termo criado para vender a idéia de que o procedimento é simples, rápido, indolor e milagroso. Por exemplo: a Sheila Carvalho, na época, foi selecionada entre 2000 candidatas! Então ela já tinha o corpo “ótimo”. Dessa forma, qualquer procedimento que se realizasse nela ficaria bom! Não se deixem iludir por esse tipo de propaganda.
Outro mito é o de que anestesia local é mais segura que a peridural (anestesia da gestante “nas costas”). A verdade é que se a área corporal, ou volume, a ser lipoaspirado for grande, a quantidade de anestésico local ultrapassará em muito a quantidade de anestésico que o anestesista utilizará na peridural. O excesso de anestésico é tóxico podendo levar a parada cardíaca. Mesmo dando tudo certo o desconforto para a paciente será grande. Uma verdade é que a anestesia geral é mais segura que a peridural, mas uma vez cessada a anestesia geral a paciente sente mais dor que na peridural.
Hidrolipo, vibrolipo e etc., são apenas variantes técnicas para o procedimento de lipoaspiração. Não existe nenhum estudo clínico sério que prove que uma técnica é superior a outra. O dia que houver essa técnica passará a ser o padrão.
Um mito bastante comum é de que a lipoaspiração é para emagrecer. O que emagrece é regime. Lipoaspiração é uma técnica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) para fins de melhorar o contorno corporal retirando-se apenas gordura localizada. O CFM definiu os limites seguros para a retirada de gordura em 7% do peso ou 40% de superfície corporal. Por exemplo: em uma paciente de 60 kg pode-se retirar o volume teórico máximo de 4,2 litros de gordura.
Em relação ao pós-operatório: a paciente recebe alta no dia seguinte à cirurgia; usa uma cinta cirúrgica por 30 dias; drenagem linfática com sete dias; retorno às atividades em duas ou três semanas. O Dr. Toledo, no seu livro Lipoplastia, recomenda caminhadas de 2 a 3 Km no terceiro dia.
A complicação mais temida da lipoaspiração é o tromboembolismo pulmonar (coágulo nas veias do pulmão) que pode levar a morte, isso não é um mito! Outra complicação importante é a infecção. Esta poderá ser por bactérias comuns ou por micobactérias, como no caso da epidemia no Espírito Santo. Aqui no Distrito Federal não existe nenhum caso descrito com a lipoaspiração.
Dr. Fernando Pontes Andrade, cirurgião plástico, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

QUEM AUTORIZOU VOCÊ A FICAR DOENTE?

Por Adriana Leocádio
www.portalsaude.org

Cada vez que preciso utilizar o sistema de saúde, seja publico ou privado, tenho a nítida sensação que alguém está me perguntando: eu disse que você tem direito a ficar doente? Deve ser pura mania de perseguição minha, obvio. Uma dessas coincidências que acontecem na vida ou como disse os psiquiatras, algo meio "esquizofrênico".

O que mais lamento na minha sensação é que ela parece ser coletiva, o que também deve ser mera coincidência, afinal porque vamos comemorar os avanços tecnológicos da ciência se é melhor reclamar da má administração política dos nossos nobres governantes. Porque comemorar que temos condições de viver por mais anos de forma saudável, fruto da prevenção, melhores condições físicas, acesso à saúde possibilitando a adequação dos modernos tratamentos às mais variadas faixas etárias.

No fundo o que acabo concluindo que tudo é uma mera roda onde sempre aplicamos as mesmas frases de efeito, que por vezes ficam lindas na mídia, ou em "papo-cabeça" na mesa do bar. Ficamos meramente no papel de vitimas observadores, como se nada estivesse acontecendo e tudo é culpa do Governo que por sua vez elege os laboratórios como grandes vilões e utilizar as ONGs para ganhar dinheiro, que faz uso da justiça através dos conceituados Doutores especializados na área da saúde, que lotam os tribunais com suas liminares para conseguir o tratamento para quem se atreveu a ficar doente.

O acesso à informação, a cultura, ao conhecimento é muito mais importante do que o acesso ao Advogado. Tá na hora de nos qualificarmos, a ignorância é a pior doença que podemos ter, principalmente em ano de eleição.

Ao ler uma brilhante matéria escrita pelo jornalista Leandro Quintanilha, na Revista da ABCâncer, me deparei com as seguintes palavras:
"É mais importante acrescentar vida aos dias que dias à vida"*

Essa matéria tem o seguinte titulo: Infinita enquanto DURE. Ver no paciente e não na doença a razão de ser da atividade de saúde é o propósito dos cuidados paliativos. Nessa modalidade de tratamento, todos se unem e formam um mesmo time e dessa forma temos a possibilidade de ganhar de goleada no jogo na vida.

*Cicely Saunders, que criou, em 1967, em Londres, um Hospital especializado em cuidados paliativos.